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Histórias e "causos" proporcionados pela vida coorporativa.
Sem stress, fora do trabalho
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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Vida de consultor do outro lado do mundo. Email 3

Coréia 3
Bem,
voltando a cidade, retiro o que eu disse sobre os congestionamentos.
Por incrível que pareça, eles se comparam sim aos de Sampa, só que são aos
sábados.
Parece que todo mundo sai de casa de carro nesse dia.
Quanto as manifestações. Vi algumas delas pela cidade no fim de semana.
É engraçado, ficam uns duzentos guardinhas parados em volta olhando,
enquanto meia dúzia de gatos pingados que ficam gritando palavras de ordem (acho
que são palavras de ordem). Isso também ajuda o trânsito ficar horrível.
Outro detalhe, alguns caras com motos pequenas (até umas 100 cilindradas)
andam na calcada e você tem que tomar o maior cuidado com elas. Parece que isso é legal aqui.
Graças a Deus não tem um monte de motoboys como no Brasil.

Visitei uma histórica vila Coreana.
Eles literalmente reconstruíram casas de alguns reis da época, num parque em
um bairro no meio de Seul.
Tem todos os detalhes inclusive os móveis
É bem legal, estava cheio de crianças em excursões de suas escolas.
Os caras deviam ser minúsculos, pois mesmo sendo casa de nobres os quartos
eram bem pequenos e baixos.

Combinei com meus colegas de ver uma performance musical de um grupo europeu a noite, mas quando chegamos lá soubemos que foi cancelado e teria uma
apresentação de cantos coreanos.
Desistimos e fomos à casa de um dos colegas ver um filme em DVD.
A aparelhagem do cara é incrível parece que você esta num cinema com tela e
tudo mais.
Só que ele não a usa para "o bem".
Mostrou nos um filme coreano com legendas em inglês.
A estória parecia novela mexicana. Dá para imaginar?
Pelo menos a cerveja era boa.
Perto do apto desses alemães tem uma escola de tae kwon do.
Na verdade a maior de Seul e é quase no quintal deles. Aos domingos eles me
disseram que são acordados pelos gritos de centenas de crianças na primeira
aula do dia.

Seul tem umas coisas parecidas com São Paulo, por exemplo como em Sampa temos rua das noivas, rua de eletrônicos ….
Existem aqui também regiões especializadas em alguma coisa:
Rua das motos com várias revendas e oficinas para motos.
Essa é bem legal você vê desde lambretas até motos 1200 cilindradas.
Tem a região das jóias e outras mais extravagantes como uma rua com várias clinicas veterinárias especializadas em chiuauas.
Tem uma região que tem mais estrangeiros que coreanos onde existem muitos
artigos de couro, lojas da moda, lojas da nyke e restaurantes.
Logicamente tem a região dos artigos eletrônicos, que é o que eles mais gostam.

As crianças tem sempre ou um celular ou um brinquedinho eletrônico nas mãos.
Tem uma região que tem 30 (não é mentira não, 30) "shopping centers" um ao
lado do outro.
Vocês também não vão acreditar mas os celulares aqui funcionam dentro dos
trens do metrô. (* esse e-mail foi escrito em 2004)

Falando em metrô, tem mais uma que lembrei dos alemães.
Eles estavam me explicando sobre o metrô daqui e me falaram que algumas
pessoas aqui quando estão esperando o trem parece que estão fazendo "Scheisse"("Cocô" em alemão).
Não entendi direito mas achei melhor não perguntar.
Depois nas estações percebi que alguns esperam o metrô aqui do jeito que os
mineiros do interior esperam o ônibus. De cócoras. Bem, acho que está
explicado.

Eles comem em qualquer lugar. Na rua, em parques, dentro dos supermercados.
Domingo fui num parque e eles fazem a maior farofada que aqui deveria chamar
miojada, eu sei que soou estranho mas eles adoram comer miojo.
A propósito , estou descobrindo uma comidas legais aqui, em um fast food por
exemplo tem hamburger de camarão que é muito bom.

Já estou conseguindo identificar pelo nome alguns dos colegas da minha equipe.
Descobri que na verdade é muito fácil pois cinquenta por cento se chama
Kim, e quarenta por cento Lee.
Se você chamar qualquer um por esses nomes tem grande chance de acertar.
Pode parecer brincadeira mas é assim mesmo.
Na minha equipe tem quatro coreanos dois deles são Lee, um é Kim, e uma
ovelha negra que se chama Ham.
Na verdade esses são os sobrenomes deles, mas é como eles se tratam.
Perguntaram minha idade e como sou mais velho que a maioria, disseram que eu
posso chamar os mais novos pelo primeiro nome.
Como eu levaria mais uns quinze dias para saber os primeiros nomes, deixei por isso
mesmo.

Abração do Magrão.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Austríacos 1

Seguindo a sugestão do meu amigo Toninho, que gostou das histórias dos Alemães na Coréia e sugeriu escrever um pouco dos consultores austríacos do projeto da Intesy.

Eram três figuras, dois homens e uma mulher.
Os caras eram gente boa, divertidos. Um deles aprendia coisas em português rapidamente, principalmente as bobagens. O Toninho ajudava bastante nisso.
As coisas mal feitas ou mal definidas do projeto ela já chamava de "Tabajara".
Quando fomos à Áustria ele foi super atencioso e nos levou para comer em lugares não turísticos, bons e baratos. Num dia que estávamos com muita fome ele descreveu um prato de joelho de porco servido em um restaurante de sua predileção. Na sua descrição o negócio parecia um filé de brontossauro. Fomos lá conferir. Era bom mesmo!
A mulher era mais chatinha (ou chatona, devido ao seu tamanho). Nariz empinado, não escutava muito o que os brasileiros falavam, prá falar a verdade nem aos austríacos. Nem com relação ao trabalho, nem com relação a outras coisas.
Ela adorava maracujá e comprava vários quando vinha para cá.
Certa vez entrando para uma reunião vi que ela comprou uma garrafa de suco de maracujá maguary. Eu era um dos poucos que se relacionavam bem com ela.
Como ela não entendia português, avisei que o suco era muito forte e que era necessário diluir em água. Mostrei até a proporção desenhada no frasco. Lógico, ela não deu a mínima para as minhas palavras.
Alguns minutos após o início da reunião todos a observaram enchendo um copo com o suco e mandando direto para dentro. Imaginem seu rosto segundos após a ingestão.
Ninguém falou nada, alguns seguraram o riso.
Ela olhou para mim como que dizendo: É, você falou alguma coisa sobre o suco e eu não prestei atenção.

O chefe deles às vezes vinha ao Brasil também.
Ele parecia com o Roberto Leal, principalmente o cabelo. O pessoal do projeto quando se referia a ele cantava a musiquinha: Ai bate o pé, bate o pé, bate o pé...

Abraço a todos.
Magrão.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Vida de consultor do outro lado do mundo. E-mail 2

Moçada,

Falando agora um pouco da cidade.
Seul é enorme, mais ou menos 15 milhões de habitantes.
Tem prédios moderníssimos mas como toda grande cidade tem a parte feia também.
Existem muitos congestionamentos mas, pelo menos até agora, nada que se
compare a Sampa.
Tem estações de metrô por toda a cidade e em algumas delas com lojas e até
mesmo mini "shopping centers" subterrâneos.
Até agora dei sorte e o tempo está legal, mas daqui alguns dias, de acordo com
os coreanos, começa a "rain season" e chove todos os dias por umas três semanas.

Aconteceu alguns fatos interessantes aqui.
Certo dia cheguei do trabalho no hotel morrendo de fome e quando abri a
porta do quarto vi um bolo de chocolate todo enfeitado na minha frente.
Tinha meu nome escrito e um bilhete de feliz aniversario.
Fiquei pensando, hoje não é meu aniversario, mas como estava com fome detonei
o bichinho.
Depois com mais açúcar no cérebro veio a resposta.
Eles usam a data Americana com o mês e depois o dia.
Era dia 03/06 e meu aniversario é 06/03. Foi bom mas o chato é que se eu
ficar aqui até o ano que vem não vou ganhar bolo no meu aniversário.

No sábado a noite fui a um pub irlandês aqui na Coréia com dois alemães e
uma austríaca sendo que o dono do pub é tailandês aí pensei comigo mesmo:
Magrão, vai ser internacional lá longe. Pensei melhor e lembrei: eu estou
lá longe.

No Domingo fui convidado por um casal alemão para um "frustuck", não se assustem.
isso e apenas um café da manhã em alemão.
Estava ótimo foi minha melhor refeição até aquele momento aqui.
Na verdade descobri que ela é iraniana e não alemã, mas mora na Alemanha
a mais de 10 anos.
Ela não tem nada a ver com as pobres informações que infelizmente temos
sobre os iranianos, é bem culta, bem legal e não anda toda coberta.

Com o tempo estou descobrindo uns restaurantes melhores e não tão caros
por aqui.
Perto do hotel tem um mercado de rua e descobri que aqui é um Paraguai da Ásia.
Nunca vi tanta quinquilharia junto. O pior é que vendem umas comidas estranhas
também. Tem aranha, escorpião, porco, galinha, peixes vivos tudo em barracas
uma do lado da outra. Lado a lado barracas que vendem calculadora, câmera
fotográfica, terminal de computador, cachorro quente, sopa, tempura.

Durante a semana fui convidado a jantar e tomar "umas" com os coreanos.
Foi legal, você tem todo aquele ritual de tirar os sapatos sentar no chão.
Na mesa tem um tipo de uma grelha onde vão colocando carnes e legumes e
na mesa um monte de condimentos e folhas de verduras.
Você segura as folhas numa mão, pega a carne e legumes da grelha e põe sobre
as folhas, tempera, embrulha tudo e manda ver para dentro.
Os caras bebem pacas. Principalmente uma bebida chamada soju que são bebidas intercaladas com copos de cerveja.
Alguns dormem no restaurante e vão direto para o trabalho no outro dia.

Falou moçada até a próxima.
Abraço a todos.

Experiências germânicas 1

Marinheiro de primeira viagem.

Minha primeira vez na Alemanha, foi também a primeira na Europa e primeira viagem internacional a trabalho. Faz tempo.
Vamos ver o que eu me lembro. Lembro que tive alguns probleminhas.
Trabalhava na Westphalia Separator em Hortolândia e a sede fica em uma cidade chamada Oelde na região de Nordrhein-Westfalien.
Segundo o pessoal de lá, a região mais desenvolvida da Alemanha. Isso, depois de um tempo, ficou suspeito para mim. Todas as cidades que fui depois, em diferentes regiões, o pessoal sempre fala que é a região mais desenvolvida da Alemanha.
A cidade tinha mais ou menos 25 mil habitantes, vivia em função da empresa em que eu trabalhava.
Fiz o trajeto que me aconselharam aqui no Brasil. Viagem com várias trocas de trem e baldeações, cheguei lá em umas 20 horas, entre avião e trem.
Tive então minha primeira surpresa: chegando lá o hotel estava fechado.
Vi que tinha um bar ao lado do hotel e fui lá ver se conseguia alguma informação.
Ninguém falava inglês, meu alemão era de básico para médio (agora piorou muito, perto do zero), mas mesmo assim consegui alguma coisa.
Me informaram que os hotéis não funcionavam 24 horas e no "check in" te davam uma chave da porta da frente para você poder entrar a noite.
Descobri que o dono do bar era também dono do hotel, mesmo assim a garçonete do bar disse que não poderia fazer nada, pois trabalhava só no bar.
Coisas estranhas me passaram pela cabeça. Um colega que morava lá tinha me falado que em caso de emergência procura-se uma cabine telefônica, (é, na época ainda existiam) pois eram fechadas, grandes e tinham aquecimento. Depois de muita negociação num misto de alemão, inglês e português a moça concordou em chamar uma funcionária do hotel para me atender. Respirei aliviado, mas não por muito tempo.

No hotel.
Não tinham quartos disponíveis, pois como demorei a chegar, a reserva tinha expirado e tinham colocado outra pessoa em meu lugar. Mais negociações...
Tinha um quarto, me informaram que não estava arrumado e que tinha algum problema, que não consegui entender qual era. Falei que ficaria na primeira noite nele mesmo com o problema.
Desfiz as malas e quando estava pronto para tomar um banho, ou seja, já sem roupa, batem a porta. Era um senhor que havia se hospedado no mesmo quarto e tinha esquecido a chave do carro em algum lugar e só faltava ali para procurar. Esse era o problema e por sorte estava lá e ele achou rápido.
Após o banho eu estava com fome e vi que deixaram uma maçã lá. Já era tarde, decidi então voltar ao bar do lado do hotel.
A cerveja era muito boa e produzida na própria cidade. "Marca" Potts (Jamais imaginei que no futuro ouviria falar dela de novo, mas isso é outra história).
Depois de tudo aquilo eu achei que meu alemão estava bom e arrisquei pedir um prato do cardápio sem a ajuda da garçonete, para não incomodá-la mais, nem a mim, com problemas linguísticos.
Pelo nome parecia ser um prato bem servido com carne e legumes. Chegou uma sopinha de camarões. Tudo bem, acabei com ela em um minuto.
Bebi mais umas cervejas e fui ao quarto traçar aquela maçã.

No trabalho.
Fui no verão. Como a cidade é pequena, todos vão trabalhar a pé ou de bicicleta.
Chegando lá notei que a segurança praticamente não existia. Não precisava. O porteiro, muito solícito, me acompanhou ensinando o caminho ao departamento onde eu tinha que ir e disse que nos próximos dias eu poderia chegar e ir direto para lá sem passar pela portaria.
O caminho lá dentro era estranho, parecia o início dos filminhos do agente 86.
O alemão que trabalhei e organizou minha visita era muito gente boa, mas tinha um olhar de maluco. Me avisaram aqui no Brasil, que ele fitava as pessoas só com os olhos, não girava a cabeça. Achei sinistro.
Comecei a testar, me movimentando sem causar suspeitas e olhando para ver se era isso mesmo que ele fazia. Era. Só que nada sinistro como eu havia imaginado, mas cômico.
Ele trabalhou comigo nos primeiros dias e nos outros me levava a outros setores e apresentava à pessoa com quem eu iria trabalhar.
Me deu as dicas para almoçar. Lá, como a cidade é pequena, muitos almoçavam em casa.
Alguns levavam marmitas de casa e outros, que foi o meu caso, tinham que ir a uns restaurantes que serviam a comida mais rápido, pois o tempo de almoço era curto.
Esses restaurantes pareciam umas padarias com pequenos balcões e banquetas para se sentar e outros para comer em pé mesmo. A comida era boa e barata nesses lugares.

A cidade
Me dei conta de quão pequena era a cidade quando fui apresentado a uma colega e ela falou que já havia me visto na cidade e achava que eu era o brasileiro que iria trabalhar naquele dia com ela.
Sou descendente de europeus e não fazia menor idéia de como ela soube que eu era brasileiro. A Marcinha falou que é pelo jeito de andar. Realmente os alemães andam meio travadões, bem diferente da gente.
À noite descobri bons restaurantes e me surpreendeu que uma cidade tão pequena pudesse ter tantos bons restaurantes. Numa cidade do mesmo tamanho no Brasil com certeza não teria nenhum.
Existia um "centrinho" todo ajeitadinho. Crianças andando de bicicleta com uma bandeirinha amarela obrigatória, para que os carros pudessem vê-las. Típicas construções alemãs.
Parque municipal com grande área verde e uma piscina pública lá no meio. Eventos de época nos finais de semana.
Acabei conhecendo um casal de brasileiros que morava lá a mais de um ano. O cara me deu várias dicas da cidade e de como são os alemães em geral, o que pude confirmar depois no futuro.

A volta.
Me deram a dica de voltar também de trem, mas num trem diferente do qual eu havia ido para lá.
Tinha vidros grandes e no trecho entre Dusseldorf a Frankfurt ele ia praticamente ao lado do Reno. Te davam uma revistinha que ia explicando uma série de locais históricos e turísticos do caminho. Muito legal.

Nossa!! Achei que iria escrever sobre minhas experiências germânicas e só escrevi uma até agora. O resto fica para as próximas.
Abraços,
Magrão.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Vida de consultor do outro lado do mundo. Email 1

Vida de consultor do outro lado do mundo.Como estava meio sozinho e isolado em um desses projetos, comecei a mandar mensagens para colegas consultores com as minhas experiências e histórias nesse projeto. Até porque virou um passa-tempo. Lá não dava para fazer coisas básicas para se divertir, por exemplo: cinema, teatro ou qualquer coisa que tivesse que entender a língua coreana. Ver TV, só alguns poucos canais internacionais em inglês.
Pela quantidade de respostas aos "e-mails" que enviei, a aprovação dos colegas foi muito legal e ainda tive a vantagem de que as histórias ficaram registradas.
Seguem então as mensagens enviadas de quando estive na Coréia do Sul 2004.
Foi logo após o projeto de Porto Alegre, portanto fiz algumas menções de pessoas comuns aos dois projetos.
Observação: Tive alguns problemas "técnicos" descritos no inicio da primeira mensagem, mas que nesse texto foram corrigidos e mantive na mensagem só para constar.

1- Primeira mensagem
 
Esse email foi escrito sem acentos, pois nesse teclado alemão onde
metade das teclas é em caracteres conhecidos e metade em coreano não me
atrevi ainda a pedir que instalem caracteres em português.

Tô chegando.
O tempo estava claro e lá embaixo uma porção de ilhas maravilhosas,
barcos, iates tudo legal. No aeroporto todos são prestativos e muitos
falam alguma coisa parecida com inglês. Peguei uma limousine (Na
Coréia eles chamam os ônibus melhorzinhos de limousine) e fui até o hotel.
No caminho vem o primeiro choque, você olha para fora vê vistas bonitas, vistas feias como a maioria das cidades, mas o problema é quando se olha
para alguma placa, ou tenta saber onde está, ferrou, não se entende absolutamente nada. Se te largarem ali você nunca mais volta pra casa.
Liguei para o gerente do projeto e ele me disse que se encontraria
comigo mais tarde no hotel para me conhecer. Ele estaria junto com o
Eberhard, que eu já conhecia.

Aqui uma pausa. Esse Eberhard merece um capítulo a parte.
Para as pessoas que não trabalharam comigo nos projetos Varig e não o
conhecem, é mais ou menos o seguinte:
Eberhard é um senhor alemão de aparência distinta. Fala um português estranho mas divertido, por exemplo:
Ele estava me explicando sobre os coreanos do projeto e falou mais ou
menos assim: "Zelso (é como ele pronuncia meu nome) você não sabe o que eles estão pensando senhor, fui beber com eles e eles fazem muitas alegrias, mas depois ficam sérios e você não sabe se eles gostam de você".
Ele, é bastante autêntico, fala o que dá na telha e reclama o tempo todo:
"Quando estava no Brasil nada era bom senhor. Agora na Coréia tudo era bom no Brasil e tudo é ruim aqui".
Falou o seguinte para mim: "Zelso alguém tem que falar para o nosso chefe que
ele é stupid pois acho que ele não sabe".
Ele fala várias línguas:
Português, alemão, inglês, espanhol, com um detalhe: todas ao mesmo tempo.
Exemplos:
1- Estávamos tomando uma cerveja e a garçonete coreana se aproxima ele
fala mais ou menos 2 minutos com ela em português, ela não entende nada
e sorri, eu gargalho.
2- Fomos ligar para o Thomas (outro colega do trabalho) da recepção do hotel
ele disse três vezes para o recepcionista: "please call the room eleven
zero oito". Depois ficou bravo dizendo que o cara não entendia inglês.
3- Na recepção do Hangar da Asiana (empresa onde era o nosso trabalho) eles pegam seu passaporte de manhã e o mantém o dia todo na portaria, quando você sai para o almoço, na volta eles verificam se seu passaporte esta lá. Demoram muito fazendo isso. Os seguranças são trocados todos os dias e mal falam inglês. Uma vez um deles achou o meu passaporte na pilha e ia retirando o mesmo quando o Eberhard gritou para ele:
"Senhor o segundo é meu". Assim mesmo, em português.

Voltando a minha saga.
No dia seguinte nos encontramos no saguão do hotel eu, Eberhard e o Thomas (o outro alemão que também já trabalhou comigo e que também estava no hotel).
Fui com eles conhecer o caminho e a maneira de ir até o cliente. Tivemos que andar uns quinze minutos atravessar a "Seuol Station" por uma passagem subterrânea
e pegar o ônibus do outro lado da rua e que vai até a Asiana.
É impossível atravessar a rua sem passar por essa passagem subterrânea,
pois é um cruzamento de muitas ruas, bastante largo e nem existe faixas
nas ruas para isso.
Nesse ponto o Thomas me contou a seguinte história:
Certo dia o Eberhard, num horário mais tranquilo tentou atravessar esse cruzamento. A polícia o parou e ninguém se entendia, até que um policial vendo o cartão do hotel entendeu que ele estava hospedado naquele hotel e o fizeram entrar no carro da polícia e levaram de volta para o hotel.
Resultado: 20 minutos depois ele estava no mesmo lugar só que dessa vez
atravessou pela passagem subterrânea.

Chegando na empresa conheci toda a equipe oriental e ocidental. Existiam
mais três pessoas que eu já conhecia pois também já trabalharam no
Brasil: Suzane, Kerstin (que o nosso amigo Joseph chamava aqui no Brasil de "meninona" devido a sua idade e ao seu tamanho) e um alemão que trabalhou no projeto do RH no Rio.
Em relação aos coreanos e impossível decorar os nomes e saber quem é quem. Acho que levarei uns meses para saber.
Fizemos a primeira reunião, o que é a coisa engraçada aqui: Participam
todos os coreanos da equipe (eles nunca vão sozinhos) Você fala,
fala , fala e não faz a menor idéia se eles estão entendendo ou não.
Até aí tudo bem, pois quando o primeiro deles começou a falar, o sotaque era
o de menos, tive que morder minha mão para não dar risada. O cara o
cara fala tudo fala tudo duas vezes duas vezes.
Não , eu não errei ao digitar a linha acima é que ele fala assim mesmo.

Fui almoçar. Alguns almoçam no refeitório da companhia e outros saem para comer no aeroporto que fica perto. Fomos no aeroporto num lugar que tem uma vitrine de pratos e você escolhe o qual você quer. É o único jeito que tem deles entenderem
os estrangeiros. Escolhi um prato e esqueci do aviso do Shim (um amigo brasileiro, descendente de coreanos) para não comer nada vermelho na Coréia e no primeiro bocado, como dizem os nordestinos, "eu vi Genésio". Como aconteceu com o Luiz (um colega de projetos cheio de histórias) minha alma saiu do corpo e voltou. Cara, é impossível comer aquilo, é pimenta pura. Tomei a sopinha que acompanhava o prato, pois só então me toquei que eles não te dão nada para beber e só bebem no final da refeição. No dia seguinte fui experimentar a comida da companhia e achei melhorzinha, pelo menos tem arroz todo dia.

No trabalho as coisas são complicadas, mas estou me virando.
Um dia nosso chefe alemão veio para cá e a noite convidou toda a equipe
para comer. Foi legal e a comida era em pequenas porções mas muito boa.
No final tem outra história do Eberhard: Ele foi ao "toilet" onde existe um
"cockpit" no lavabo, como ele não entendia nada apertou todos os botões
e saiu um jato d`água direto no seu peito. Voltamos para o Hotel as
gargalhadas dentro do taxi. Infelizmente ele foi embora do projeto e só
volta daqui a um mês.
As coisas aqui são bem mais caras que eu imaginava mas se você procurar bem acha preços razoáveis. Amanhã passarei meu primeiro fim de semana aqui. Mas isso fica para o próximo e-mail.

Abraço a todos.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Souvenir-1 Guarda-chuva

O primeiro souvenir que me ocorre, foi de um guarda-chuva.
Nunca tinha conseguido manter algum por mais de um verão.
Ou por causa da qualidade que era ruim e com facilidade as varetas quebravam, ou entortavam, ou furavam o tecido. Lógico, nas horas em que eu mais precisava deles.
Ou por que eu esquecia em algum lugar. Todos esquecem, não é mesmo?
Fico curioso para saber para onde vão todos os guarda-chuvas esquecidos.
Deve haver uma montanha deles em algum lugar.
Até um dia em que recebemos um gerente da Lufthansa Systems e ele trouxe um guarda-chuva para cada um da equipe de consultores aqui do Brasil.
Disse que queria trazer souvenires e como estava sem tempo comprou as pressas na loja de produtos da própria Lufthansa, no aeroporto de Frankfurt antes de embarcar para cá.
Achei estranho ganhar um guarda-chuva de presente do chefe do meu chefe.
Vinha numa embalagem pequena e prática, muito bonita com o logotipo da Lufthansa.
Após abrir vi que era simples, prático e parecia ser de boa qualidade. Tinha também o logo da Lufthansa.
Como eu trabalhava em São Paulo foi muito útil naqueles dias e percebi que a qualidade era realmente muito acima dos que eu já tinha possuído.
Prometi para mim mesmo que tomaria cuidado e não iria esquecê-lo em lugar algum.
Incrível, tenho-o até hoje. Me quebrou cada galhão.
Já está meio surrado, mas às vezes ainda é usado.
PS: Tem mais ou menos 10 anos de idade.