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Histórias e "causos" proporcionados pela vida coorporativa.
Sem stress, fora do trabalho
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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Vida de consultor do outro lado do mundo. Email 1

Vida de consultor do outro lado do mundo.Como estava meio sozinho e isolado em um desses projetos, comecei a mandar mensagens para colegas consultores com as minhas experiências e histórias nesse projeto. Até porque virou um passa-tempo. Lá não dava para fazer coisas básicas para se divertir, por exemplo: cinema, teatro ou qualquer coisa que tivesse que entender a língua coreana. Ver TV, só alguns poucos canais internacionais em inglês.
Pela quantidade de respostas aos "e-mails" que enviei, a aprovação dos colegas foi muito legal e ainda tive a vantagem de que as histórias ficaram registradas.
Seguem então as mensagens enviadas de quando estive na Coréia do Sul 2004.
Foi logo após o projeto de Porto Alegre, portanto fiz algumas menções de pessoas comuns aos dois projetos.
Observação: Tive alguns problemas "técnicos" descritos no inicio da primeira mensagem, mas que nesse texto foram corrigidos e mantive na mensagem só para constar.

1- Primeira mensagem
 
Esse email foi escrito sem acentos, pois nesse teclado alemão onde
metade das teclas é em caracteres conhecidos e metade em coreano não me
atrevi ainda a pedir que instalem caracteres em português.

Tô chegando.
O tempo estava claro e lá embaixo uma porção de ilhas maravilhosas,
barcos, iates tudo legal. No aeroporto todos são prestativos e muitos
falam alguma coisa parecida com inglês. Peguei uma limousine (Na
Coréia eles chamam os ônibus melhorzinhos de limousine) e fui até o hotel.
No caminho vem o primeiro choque, você olha para fora vê vistas bonitas, vistas feias como a maioria das cidades, mas o problema é quando se olha
para alguma placa, ou tenta saber onde está, ferrou, não se entende absolutamente nada. Se te largarem ali você nunca mais volta pra casa.
Liguei para o gerente do projeto e ele me disse que se encontraria
comigo mais tarde no hotel para me conhecer. Ele estaria junto com o
Eberhard, que eu já conhecia.

Aqui uma pausa. Esse Eberhard merece um capítulo a parte.
Para as pessoas que não trabalharam comigo nos projetos Varig e não o
conhecem, é mais ou menos o seguinte:
Eberhard é um senhor alemão de aparência distinta. Fala um português estranho mas divertido, por exemplo:
Ele estava me explicando sobre os coreanos do projeto e falou mais ou
menos assim: "Zelso (é como ele pronuncia meu nome) você não sabe o que eles estão pensando senhor, fui beber com eles e eles fazem muitas alegrias, mas depois ficam sérios e você não sabe se eles gostam de você".
Ele, é bastante autêntico, fala o que dá na telha e reclama o tempo todo:
"Quando estava no Brasil nada era bom senhor. Agora na Coréia tudo era bom no Brasil e tudo é ruim aqui".
Falou o seguinte para mim: "Zelso alguém tem que falar para o nosso chefe que
ele é stupid pois acho que ele não sabe".
Ele fala várias línguas:
Português, alemão, inglês, espanhol, com um detalhe: todas ao mesmo tempo.
Exemplos:
1- Estávamos tomando uma cerveja e a garçonete coreana se aproxima ele
fala mais ou menos 2 minutos com ela em português, ela não entende nada
e sorri, eu gargalho.
2- Fomos ligar para o Thomas (outro colega do trabalho) da recepção do hotel
ele disse três vezes para o recepcionista: "please call the room eleven
zero oito". Depois ficou bravo dizendo que o cara não entendia inglês.
3- Na recepção do Hangar da Asiana (empresa onde era o nosso trabalho) eles pegam seu passaporte de manhã e o mantém o dia todo na portaria, quando você sai para o almoço, na volta eles verificam se seu passaporte esta lá. Demoram muito fazendo isso. Os seguranças são trocados todos os dias e mal falam inglês. Uma vez um deles achou o meu passaporte na pilha e ia retirando o mesmo quando o Eberhard gritou para ele:
"Senhor o segundo é meu". Assim mesmo, em português.

Voltando a minha saga.
No dia seguinte nos encontramos no saguão do hotel eu, Eberhard e o Thomas (o outro alemão que também já trabalhou comigo e que também estava no hotel).
Fui com eles conhecer o caminho e a maneira de ir até o cliente. Tivemos que andar uns quinze minutos atravessar a "Seuol Station" por uma passagem subterrânea
e pegar o ônibus do outro lado da rua e que vai até a Asiana.
É impossível atravessar a rua sem passar por essa passagem subterrânea,
pois é um cruzamento de muitas ruas, bastante largo e nem existe faixas
nas ruas para isso.
Nesse ponto o Thomas me contou a seguinte história:
Certo dia o Eberhard, num horário mais tranquilo tentou atravessar esse cruzamento. A polícia o parou e ninguém se entendia, até que um policial vendo o cartão do hotel entendeu que ele estava hospedado naquele hotel e o fizeram entrar no carro da polícia e levaram de volta para o hotel.
Resultado: 20 minutos depois ele estava no mesmo lugar só que dessa vez
atravessou pela passagem subterrânea.

Chegando na empresa conheci toda a equipe oriental e ocidental. Existiam
mais três pessoas que eu já conhecia pois também já trabalharam no
Brasil: Suzane, Kerstin (que o nosso amigo Joseph chamava aqui no Brasil de "meninona" devido a sua idade e ao seu tamanho) e um alemão que trabalhou no projeto do RH no Rio.
Em relação aos coreanos e impossível decorar os nomes e saber quem é quem. Acho que levarei uns meses para saber.
Fizemos a primeira reunião, o que é a coisa engraçada aqui: Participam
todos os coreanos da equipe (eles nunca vão sozinhos) Você fala,
fala , fala e não faz a menor idéia se eles estão entendendo ou não.
Até aí tudo bem, pois quando o primeiro deles começou a falar, o sotaque era
o de menos, tive que morder minha mão para não dar risada. O cara o
cara fala tudo fala tudo duas vezes duas vezes.
Não , eu não errei ao digitar a linha acima é que ele fala assim mesmo.

Fui almoçar. Alguns almoçam no refeitório da companhia e outros saem para comer no aeroporto que fica perto. Fomos no aeroporto num lugar que tem uma vitrine de pratos e você escolhe o qual você quer. É o único jeito que tem deles entenderem
os estrangeiros. Escolhi um prato e esqueci do aviso do Shim (um amigo brasileiro, descendente de coreanos) para não comer nada vermelho na Coréia e no primeiro bocado, como dizem os nordestinos, "eu vi Genésio". Como aconteceu com o Luiz (um colega de projetos cheio de histórias) minha alma saiu do corpo e voltou. Cara, é impossível comer aquilo, é pimenta pura. Tomei a sopinha que acompanhava o prato, pois só então me toquei que eles não te dão nada para beber e só bebem no final da refeição. No dia seguinte fui experimentar a comida da companhia e achei melhorzinha, pelo menos tem arroz todo dia.

No trabalho as coisas são complicadas, mas estou me virando.
Um dia nosso chefe alemão veio para cá e a noite convidou toda a equipe
para comer. Foi legal e a comida era em pequenas porções mas muito boa.
No final tem outra história do Eberhard: Ele foi ao "toilet" onde existe um
"cockpit" no lavabo, como ele não entendia nada apertou todos os botões
e saiu um jato d`água direto no seu peito. Voltamos para o Hotel as
gargalhadas dentro do taxi. Infelizmente ele foi embora do projeto e só
volta daqui a um mês.
As coisas aqui são bem mais caras que eu imaginava mas se você procurar bem acha preços razoáveis. Amanhã passarei meu primeiro fim de semana aqui. Mas isso fica para o próximo e-mail.

Abraço a todos.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Souvenir-1 Guarda-chuva

O primeiro souvenir que me ocorre, foi de um guarda-chuva.
Nunca tinha conseguido manter algum por mais de um verão.
Ou por causa da qualidade que era ruim e com facilidade as varetas quebravam, ou entortavam, ou furavam o tecido. Lógico, nas horas em que eu mais precisava deles.
Ou por que eu esquecia em algum lugar. Todos esquecem, não é mesmo?
Fico curioso para saber para onde vão todos os guarda-chuvas esquecidos.
Deve haver uma montanha deles em algum lugar.
Até um dia em que recebemos um gerente da Lufthansa Systems e ele trouxe um guarda-chuva para cada um da equipe de consultores aqui do Brasil.
Disse que queria trazer souvenires e como estava sem tempo comprou as pressas na loja de produtos da própria Lufthansa, no aeroporto de Frankfurt antes de embarcar para cá.
Achei estranho ganhar um guarda-chuva de presente do chefe do meu chefe.
Vinha numa embalagem pequena e prática, muito bonita com o logotipo da Lufthansa.
Após abrir vi que era simples, prático e parecia ser de boa qualidade. Tinha também o logo da Lufthansa.
Como eu trabalhava em São Paulo foi muito útil naqueles dias e percebi que a qualidade era realmente muito acima dos que eu já tinha possuído.
Prometi para mim mesmo que tomaria cuidado e não iria esquecê-lo em lugar algum.
Incrível, tenho-o até hoje. Me quebrou cada galhão.
Já está meio surrado, mas às vezes ainda é usado.
PS: Tem mais ou menos 10 anos de idade.