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Histórias e "causos" proporcionados pela vida coorporativa.
Sem stress, fora do trabalho
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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Vida de consultor nos carros


Convivência nos carros.

Nessa vida de consultor existem muitas situações envolvendo carros e transportes.
Nos projetos que ficam longe de casa temos as opções de ir de avião até a cidade do projeto e se locomover por lá de taxi, ou de carro alugado, ou de ônibus do cliente, ou ainda de van alugada para transportar os consultores.

Pra mim a melhor opção é a de utilizar uma van com motorista. Ninguém precisa se preocupar em dirigir, conhecer o caminho etc. Acaba-se conhecendo o lado pessoal dos colegas e aos poucos vai ficando divertido.
De manhã normalmente todos estão com sono às coisas costumam ser mais sossegadas, às vezes ninguém fala nada por todo o percurso.
Tem sempre os atrasadinhos pela manhã e o mais engraçado são as desculpas:
Esqueceu como se dá o nó na gravata, a água do chuveiro demorou a esquentar...

Os motoristas são um caso a parte. Quando é sempre o mesmo, no início ele não se envolve muito nos papos. Depois de um tempo vira amigo da moçada, e só então descobre que a gente não gosta de escutar música sertaneja no último volume logo de manhã. Fica sabendo o apelido de todo mundo e já conhece todos os funcionários da empresa só de ficar ouvindo o pessoal falar (às vezes mal, hehehe) sobre as pessoas.
Teve a história de um colega que não percebeu que certo dia o motorista “oficial” foi trocado. Quando chegamos à empresa o motorista “oficial” estava na portaria conversando com os seguranças e meu colega começou a gritar lá de trás para o motorista substituto lá na frente: Cara você tem um irmão gêmeo? Nossa! Igualzinho!
Foi zoado o resto do projeto por isso. Hehe.

À tarde, na volta para o hotel, principalmente após o pessoal se conhecer melhor, tudo muda. Brincadeiras, conversas sobre o trabalho, conversas informais e “zoações” fazem o tempo de transporte passar mais rápido.
Nessas horas normalmente é também combinado o que fazer ao retornar ao hotel: onde jantar, caminhadas, compras etc. Nessas voltas também há muito comentário sobre o trabalho, reclamações, desabafos.

Outro ¨causo¨ legal ocorrido nas vans:
Fora do Brasil, na volta de um jantar numa van com uns cinco gringos e quatro brasileiros, todos já “altos”, um dos estrangeiros quis que ensinássemos a ele uns palavrões em português. Os mais “cabeludos” foram ditos e ele fazia questão de repeti-los bem alto várias vezes e perguntava o significado. Descobrimos que alguns são muito difíceis de traduzir e cada tentativa de tradução gerava muito mais gargalhada. Alguns brazucas literalmente choravam de rir. O mais divertido mesmo foi descobrir no final da viagem que o motorista era português e entendeu tudinho o que havíamos falado (Tô escrevendo esse texto e rindo de novo). No final acho que o motorista também deve ter se divertido!

Quando a opção é usar um carro alugado para o nosso transporte, ocorre o mesmo que na van, mas em menor escala e maior intensidade.
Diminui o tempo que se leva para conhecer as pessoas. Nos dias em que se fica parado no trânsito diminui mais ainda, quando parado no trânsito sob chuva então... nem se fala.
É engraçado! Descobrem-se algumas coisas facilmente como: o gosto musical da cada um e o jeito de cada um dirigir. Descobre-se também algumas coisas surpreendentes, como o lado oculto de alguns colegas que apenas no cotidiano do trabalho jamais se saberia.
Uns adoram mexer com as pessoas na rua. Outros, normalmente calminhos, viram um “animal” quando estão ao volante.

Como de perto ninguém é normal, já descobri nessas situações uns colegas bem, digamos, estranhos! Um deles que não come nada feito ou aquecido em microondas.
Outro que só dirigia a menos de 60 km/h para não matar os bichinhos que batem no pára-brisa.
Outros também dirigem lentamente, mas por dirigir mal mesmo. E é lógico sempre tem um “Fittipaldi” na turma.
A gente escuta também cada história! Teorias da conspiração. Numa delas o cara afirma que a ONU tem um plano de em poucos anos governar o mundo todo e que isso já está em curso nos Estados Unidos, que já estão sendo governados pela organização.

Quando têm mulheres no carro as fofocas sobre artistas e comentários das novelas também aparecem nos papos. Tendo mulheres ou não, falar mal de alguém é sempre o esporte favorito.

No carro as coisas sempre ganham uma dimensão maior. O que é chato fica mais chato e o que é divertido fica mais divertido. Às vezes ficamos muito putos, às vezes choramos de rir.
Como nem tudo são flores, pegar trânsito congestionado nunca é legal e se é rotineiro pior ainda.
Como a infra-estrutura no Brasil normalmente é ruim, já vi acontecer de tudo:
Perder a placa do carro em poças d’água, perder calota pela rua e descobrir na locadora que isso é normal, levar pedradas no vidro do carro vindas do chão impulsionadas pelos pneus dos outros carros.

Entre os colegas existem relacionamentos estranhos também, como o dos que brigam por motivos fúteis e não viajam mais no mesmo carro.
Faz parte, o ser humano é muito complexo e uma das partes boas disso é que gera essas histórias que nos divertem.

Abraços.

sábado, 5 de maio de 2012

A glamorosa vida de consultor

A glamorosa vida de consultor.

(É... colegas consultores. Eles vêem as pinga que tomamos, mas não vêem os tombos que levamos)
Minha última viagem para projeto internacional foi à Paris.
Falando assim o que todo mundo pensa... Que legal! É um privilegiado! Etc.

Me avisaram-me três dias antes. Aí no dia seguinte, cancelaram. Aí no outro dia confirmaram novamente. Lá fui eu. Em cima da hora.
Quando comuniquei às pessoas que iria para lá, ouvi diversos comentários:
- Nossa! Que vida boa essa que vocês levam!- Vai levar a esposa?
Não adiantava responder:
– Mas vou a trabalho.
E escutava:
- É, mas é em Paris!
Até a esposa dizia frases com cara de brava:
- Você vai para Paris e eu não poderei ir com você, é muita sacanagem!
Que culpa tenho eu?

Aí começa a saga.
Lembram em fevereiro? Falou se muito nos noticiários. Um frio incomum na Europa.
Muita neve na Espanha, Itália, França. Em regiões onde normalmente não neva ou fazia muito tempo não nevava como Roma, Paris nevou bastante.
Pois é... Eu tava lá... Em Paris, bem nesses dias, os mais frios em décadas.
Cheguei num dia já muito frio.
Pensei: - OK não é comum e a tendência agora deve ser esquentar...
Triste ilusão! Mais Frio!
Aí no primeiro dia tive a fantástica notícia:
Nos próximos três dias você terá reuniões com o pessoal daqui e um pessoal da Austrália também vai participar e por isso as reuniões começarão as 6:00 hs da manhã e é bom você chegar às 5:45hs no escritório.
Resultado: Nos três dias seguintes enfrentei o frio das 5 da matina, sem café da manhã do hotel (que começava a ser servido às 6hs) para participar dessas reuniões. Fora isso para poder entrar no prédio da empresa tinha que chamar o porteiro do prédio e ficar esperando na calçada até que ele, assustado ao ver um cara querendo entrar para trabalhar a essa hora, ir abrir a porta. Se demorasse muito eu viraria um sorvete. Ou seja, até então Paris estava terrível pra mim.

Como todo brasileiro que não desiste nunca, faço aquele esforço mental e penso:
Ok, no final de semana vai melhorar...
Na sexta-feira deu uma melhoradinha. Beleza! Agora vai...
Sábado, acordei às 9 horas da manhã, normalmente estaria começando a esquentar lá pelas 10hs. Como gosto passear caminhando pelas cidades européias que são organizadas e aconchegantes, planejo:
Vou descer do metrô numa estação perto de vários pontos interessantes e aí caminhando e passeando decido aonde ir. Dois colegas compraram a idéia e foram comigo. Resultado: Passei o maior frio da minha vida.
Não sei como, cheguei ao Louvre. Eu o via 200 metros a minha frente e ainda assim duvidava que conseguisse chegar lá. Olhei para um laguinho que tem no caminho e ele estava congelado. Olhava uns malucos correndo pelo parque só de agasalho com aquele vento cortante e ficava imaginando: como eles não passam frio? Será que vão me socorrer se eu cair por aqui?
Cheguei ao museu e levei uns 15 minutos para me recuperar. O rosto formigava, o nariz corria e não tocava as orelhas com medo de que elas quebrassem.
OK, ok, a visita ao museu foi dez. Comi numa lanchonete lá dentro mesmo.
Lá pelas 2 da tarde subiu a temperatura lá fora, pelo menos é era o que o Iphone do meu colega informava, sendo assim os tolinhos brasileiros pensam:
- Subiu bastante, agora dá para andar lá fora. Deu, foi sofrido, friorento, mas deu.
Margens do Sena, torre Eiffel, chocolate quente, compra de luvas e gorros para aguentar o tranco etc.
Quando umas duas horas depois começou a esfriar e ficar insuportável novamente fomos a Galeria Lafayette. Chegando lá percebi que só mulheres haviam recomendado conhecer o local e descobri o motivo:
É o paraíso para as mulheres e inferno para os homens. Vários andares, milhões de coisas que não interessam ao sexo masculino e que a massacrante maioria não teria dinheiro para comprar de qualquer modo. Então prá que ficar lá dentro com um monte de gente se esbarrando? Não faço idéia, mas por algum motivo as mulheres adoram. Ficam hipnotizadas, qualquer argumento masculino passa longe de ser notado.
Juro que procurei uma seção de coisas masculinas e descobri, fica num cantinho mirradinho num dos andares.
Voltei para o hotel e apesar dos pesares estava começando a gostar de ter ido a Paris. Sinto um incomodo nos dentes. Na manhã seguinte vou tomar café. Não consigo mastigar de um lado. Penso:
- Dor de dente? Assim do nada? E agora?
Mesmo assim fui dar um rolê na Champs Elysees e almoçar por lá. É legal.
Dia seguinte... mais dor. Resisti durante toda a semana à base de doses cavalares de aspirina.
O frio continua. Continua a saga de tentar se equilibrar nas calçadas cheias de gelo, de comer perto do hotel para não ter que passar frio, de aguentar o mal humor dos taxistas.
Thanks God, até que enfim é sexta-feira. Volto para a terrinha.

Chego no sábado de carnaval, sinto o calor, humm! Delícia! O dente logo parou de doer.
A glamorosa vida de consultor tinha se resumido a um final de semana gelado na França.
De qualquer modo não posso reclamar, é o jeito de trabalhar que escolhi e por enquanto não troco por outro. Afinal Paris é Paris.
Depois da semana do carnaval tive que voltar para lá novamente, mas essa história fica para um próximo “post”.

Magrus