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Histórias e "causos" proporcionados pela vida coorporativa.
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sábado, 26 de março de 2011

POA 2

Causos de Porto Alegre 2

Achando barzinho

Pedrão chegou com a notícia.
- Pessoal descobri um barzinho sensacional, atendimento bom, música ao vivo, vamos lá um dia desses?
Alguns toparam, combinaram um dia e foram.
Dessa história só tenho a versão de quem foi, pois não pude ir nesse dia. Estou descrevendo porque o causo ficou famoso no projeto.
Ficava num bairro conhecido e se chamava bar Olaria. Guardem esse nome.
Chegando lá, o boteco era realmente legal, com uma bonita decoração, bons petiscos e bebidas.
Com o passar do tempo foi se sentindo algo estranho.
O bar começou a encher e o posicionamento das pessoas nas mesas começou a ficar meio esquisito. Eram muitas mesas com pessoas do mesmo sexo.
O pessoal já ficou com certa desconfiança sobre qual era o gênero de frequentadores do local. Nada contra, só não estavam preparados para ter ido num bar assim. Como não tinham preconceito e o serviço era bom, continuaram ali.
O som ao vivo começou. Começou-se também a notar um clima de paquera entre os presentes.
Só tiveram certeza absoluta sobre o perfil dos clientes da casa, quando um dos membros da mesa foi assediado por um cara. Assustou-se e para evitar o assédio, mudando rapidamente a posição da cadeira, quase derrubou o suporte da partitura de um dos músicos.
Mas o mais chato mesmo foi sair do bar escutando os moleques que estavam ali como guardadores de carros falar:
- Olha os caras, saíram dali, boiolaria, boiolaria, boiolaria.

Cuidado ao mexer com alguém na rua

O Luciano tinha a mania de mexer com as pessoas na rua.
Às vezes era previsível, às vezes nos surpreendia.
No caminho da empresa para o hotel, o trajeto mais rápido não era dos mais agradáveis.
Como estávamos sempre com pressa de chegar, tomar um banho e fazer alguma atividade à noite. Preferíamos na maioria das vezes irmos por esse caminho mesmo.
Passávamos por uma área meio suspeita onde algumas moças ficavam arrumando clientes nas calçadas. Essas por algum motivo não ficavam paradas. Parece que é para não ter problema com eventual passagem de policiais pela área.
Uma delas era muito estranha. Para demarcar seu local e não ficar parada, ela andava de um lado para outro num espaço curto. Parecia um animal numa jaula. Ela incomodava demais os transeuntes. Pusemos nela o apelido de leão.
Outras moças ficavam nas janelas das casas. Tinha uma de cabelos longos que ficava no andar de cima de um sobrado chamando o pessoal.
Num dia, de repente, o Luciano gritou: - Joga as tranças Rapunzel.
Ele gostava também de após comermos num restaurante pedir para embrulhar as sobras e dar a mendigos que ficavam nas ruas do caminho. Algumas vezes dava raiva dos mendigos. Uma vez um deles recebeu a comida e ficou bravo, pois não tínhamos mais para dar para os amigos dele. Outra vez o mendigo começou a “cantar” uma colega que estava no carro com a gente. O Fabrício ficava indignado com o Luciano e dizia: “Pô o cara fica bêbado e vira caridoso”.
Certo dia, também voltando do trabalho, eu dirigia o carro.
Notamos um cara agitado gritando e andando no meio da rua, correndo também sérios riscos de ser atropelado.
Passei pelo local bem devagar para evitar um acidente. Ele estava transtornado entre os carros. Logo à frente tive que parar o carro num semáforo.
Foi quando o Luciano começou a se agitar e falou para o Vinicius, que estava sentado ao meu lado no banco da frente.
- Vinicius segura a barra que o louco vem vindo aí. O Vinícius levou um baita susto e começou a levantar o vidro do carro, o louco já estava quase chegando e segurando um pedaço de madeira. Tive que fazer uma manobra rápida e sair correndo para que ele não atingisse o veículo com uma paulada.
Passado o susto todos olham para o Luciano e perguntam:
- Cara! Você mexeu com o maluco?
Ele jura que não. Os demais têm quase certeza que sim, nunca saberemos a verdade.
Após o susto, muita risada no carro.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Cidades - Itajubá

Itajubá

Logicamente, tudo mais devagar que no estado de São Paulo, alguns carros até tem o estranho costume de parar para as pessoas passarem nas faixas de pedestres.
Dá medo, pois nunca sabemos se vai ter um paulista estressado tentando atropelar alguém.
Comércio informal corre solto. As barraquinhas de camelô ficam ao lado de um rio. Apelidamos de "Shopping beira Rio".
Na cidade dá para fazer tudo a pé.
Bicicletas cruzam a esmo e perigosamente as ruas. Precisa ter um cuidado danado com esses "suicidas".
Região montanhosa com paisagens belíssimas.
No inverno é meio estranho, parece clima de deserto, calor durante o dia e muuuito frio a noite. 
Tem um potencial enorme, muitas empresas já instaladas aumentando suas capacidades de produção e novas empresas virão para a região com certeza.
Como vocês já devem saber, tem uma universidade federal de engenharia (EFEI).

Abro aqui um parêntesis para voltar ao passado.
Foi engraçado vir trabalhar aqui, pois muitos anos atrás, antes de saber o resultado da FUVEST, eu tinha passado em engenharia mecânica aqui e vim fazer a matrícula.
Passei pelo trote e tudo mais. Quando soube que tinha passado em computação fiquei meio na dúvida, não sabia o que era isso na época. Decidi arriscar e deu no que deu.
Soube depois que o Alex e o Carlos, meus amigos na Unicamp passaram pela mesma situação.
Fecha parêntesis.

Poucos lugares para diversão a não ser gastronômica.
Não tem cinema. Uns gringos que estavam por aqui queriam um lugar para nadar nos fins de semana. Era tão complicado conseguir entrar em um clube que desistiram.
Às vezes vou dar uma caminhada e aqui existe uma avenida onde os locais fazem isso. Acontecem coisas muito engraçadas ali.
Na avenida onde as pessoas vão para caminhar de manhã e no final da tarde, existe um folclórico vira-latas policial rodoviário. Fica escondido e andando ao lado dos carros estacionados e corre latindo para cima dos carros no sentido contrário que vem em alta velocidade. Só os que vem em alta velocidade. Não consegui filmar ele em ação, no dia em que minha caminhada acompanhou o seu “trabalho” eu estava sem câmera. Passei a ir caminhar com o celular, mas a partir desse dia não o achei mais.

Comidas típicas: tradicionais mineiras, pastéis de milho, canjiquinha (um tipo de sopa com quirelas de milho e carne de porco), torresmo, pururuca. Muita pinga da boa e muito queijo.
Aqui tem o bar “Mineirinho”. Calma pessoal, sei que tenho que ser mais específico, em Minas devem existir milhares de bares chamados mineirinho. Esse que falo é o mineirinho do Robertinho. Ajudou? Não? Tudo bem.
Ele se encaixa naquele conjunto de bares que você jamais entraria se não tivesse boas referências. Não chega a ser um “sujinho”, mas não tem muitos atrativos visto de fora.
Tem os pratos do cardápio fixo, porém preparava o que a gente queria caso pedíssemos  com antecedência.
Porções ótimas de bolinhos de bacalhau, linguiça, carne mal humorada, feijoada, feijão tropeiro, ... Tô escrevendo com água na boca.
Sem luxo, mas aconchegante. Paredes totalmente cheias de fotos com famosos, flâmulas e bandeiras de clubes de futebol, coisas referentes a Minas e ao Brasil.
Outros bons botecos: Bar da Maria, Ranchinho do pastel de milho.
No mercado central queijos, cachaças, doces, em Mineirês: Tudibão

Na região tem o restaurante Delicado, em Piranguçu, a comida caseira e o papo com o dono da casa são da melhor qualidade.
A cidadezinha tem uma vista muito bonita também.
Em Piranguinho tem os tradicionais pés de moleque. As barracas à beira da estrada, vermelha e laranja são as melhores. Pés de moleque com amendoim e rapadura, em Mineirês: Bãodimais.

Abraços,
Magrão.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Projeto POA - Os estrangeiros 1

Projeto POA - Os estrangeiros 1

No projeto de Porto Alegre, participaram vários consultores alemães devido a uma parceria existente entre a empresa cliente brasileira e uma empresa alemã.
A maioria dos consultores brasileiros ficava num mesmo Flat/hotel e os alemães tiveram apartamentos alugados para eles morarem.
Como todos sabem os alemães, em geral, são muito “certinhos”. Tão certinhos que eles me confidenciaram após estreitarmos a amizade que, antes de iniciar o projeto no Brasil, a empresa alemã para a qual trabalhavam fez uma espécie de apostila com os costumes e comportamento dos brasileiros para eles estudarem.
Esse grupo de germânicos que esteve aqui, em especial, não seguia muito esse padrão.
Por isso, dentre esses consultores alemães enumerei algumas figuras e histórias:

Nossa Gerentrix.
Tipo: européia esquisita.
Era a gerente do projeto.
Loira, olhos claros, meio alta, meio feinha.
Ficava brava prá caramba quando contrariada.
Tentava manter uma política de amizade e bom relacionamento com o cliente e consultores, mas às vezes não conseguia se conter e começava o berreiro.
Usava no trabalho quase sempre a mesma roupa, calça e camiseta surradas e uma blusa de couro vermelha. Só não usava essa roupa padrão quando vinha alguma visita importante ao local do projeto.
Obviamente gerava comentários. Principalmente das mulheres.
Apesar de todas essas esquisitices, em minha opinião, era uma boa profissional. Procurava sempre ser justa, dar boas condições de trabalho aos profissionais e manter o projeto como prioridade. Tentava com que a equipe assim também o fizesse.
Ela foi um dos poucos estrangeiros do projeto que não aprendeu português.
Adorava “pagar um mico”, dirigia seu carro como uma louca e ia para a Alemanha em média a cada 15 dias. Parecia ponte aérea. Parecia novela da globo, eheheh.
Numa festa gaúcha ela combinou com o pessoal organizador de participar de uma dança típica e que mantivessem a participação dela em segredo.
Deu certo, ninguém sabia que eles iriam participar.
Ouve uma certa surpresa quando ela entrou no salão “de prenda” e acompanhada do noivo, que passava férias no Brasil, “piuchado”. Eles estavam muito esquisitos.
Ela com o olhar vidrado, não olhava para os lados.
Lá no sul essas festas são levadas muito a sério e ninguém estava rindo, até que coincidentemente num momento que o som baixou um colega fez o comentário: Parecem dois retardados. O salão todo escutou e aí a coisa descambou, muitas risadas.

Visão do Brasil lá fora

Como já falei, a Gerentrix estava sempre preocupada em manter um bom ambiente entre os participantes do projeto. Promovia jantares, confraternizações, churrascos. Em média a cada dois meses havia algum evento para a equipe de trabalho.
Numa ocasião, um colega do projeto cedeu sua casa para fazermos uma confraternização. Ele era jovem e ainda morava com os pais numa casa grande e aconchegante.
A casa tinha uma área bastante legal para se comer, perto de uma piscina.
Como o evento foi à noite e estava razoavelmente frio, não se cogitou em usar a piscina. Estava muito animado. Ficou mais interessante ainda quando a maioria já estava meio “alta” e escutamos umas brincadeiras entre a Gerentrix e o Josef. Quando quase todos estavam com a atenção atraída para eles, ela tentou empurrá-lo na piscina.
Estavam perto da borda e vimos num movimento inesperado e espetacular do Josef, ele dar um quase perfeito golpe de judô, derrubando a nossa gerente na piscina. Só não foi perfeito porque ele também caiu. Teve um pequeno desespero da Gerentrix num primeiro momento, ela ficou preocupada em achar seus óculos que caíram na água. Gargalhada geral, alguns segundo depois, ela também ria. Mas o mais estranho veio a seguir:
Talvez porque os alemães já freqüentavam clubes por aqui e viam as pessoas andando prá lá e prá cá em trajes de banho. Acho que eles também viam imagens do Brasil, de cidades praianas, com as pessoas andando normalmente quase nuas nas praias. Achavam que isso era normal em qualquer situação. Ela ficou então só de soutien e calcinha o resto da festa, enquanto suas roupas secavam nos galhos de uma árvore. Mesmo com aquele frio. Pelo menos para nós brasileiros estava frio.
No dia seguinte os alemães que a acompanharam até o apartamento, nos contaram que, como a roupa não secou até na hora de ir embora, ela pediu uma toalha para a mãe do nosso anfitrião e se despediu. Ficou todo mundo imaginando o espanto do porteiro do seu prédio, quando ela chegou de madrugada, só com as roupas de baixo e com uma toalha nas costas.

Apagando a luz

Como falei, ela era meio “invocadinha”. A equipe do projeto ficava num salão enorme.
Para economizar energia elétrica, havia uma regra: O último a sair, dava uma olhada geral na sala, começava a desligar as lâmpadas e antes de desligar um transformador geral perguntava em voz alta: “tem alguém aí?”
Certo dia a Márcia, uma colega nossa, seguiu a risca esse procedimento. Só que ela não sabia, assim como a maioria de nós, que a sala da gerência que ficava fora do salão e também estava ligada ao transformador geral. Naquele dia em especial a Gerentrix ficou até mais tarde para terminar um relatório importantíssimo. Bem, acho que não preciso falar mais nada. Deu merda. A Márcia estava grávida, mas isso não foi um atenuante. Provavelmente até a criança ouviu os gritos da nossa gerente. A Márcia era muito gente boa e após o choque de ver a alemã xingando e berrando em desespero a sua frente, no dia seguinte nos contou o episódio já de bom humor.

Chutando o gato preto

Outro evento engraçado desse projeto foi um churrasco bolado pela Trix e patrocinado pelos consultores, que só souberam disso durante a festa. Isso gerou algumas revoltas... e algumas histórias.
Como nós é que pagamos os comes e bebes, e num determinado momento verificou se que iria sobrar bastante carne e carvão. Alguns já planejavam guardar o excedente para outro churrasco. Seria só dos consultores e no hotel onde ficávamos.
De repente alguém vem com outra idéia: Doar a carne a uma colega que costumava ajudar uma instituição que fazia refeições para pessoas carentes. Alguns concordaram.
Nesse momento um consultor, que não tinha gostado da idéia de pagar parte do churrasco, já bem mamado, descontente com a possibilidade de não termos o outro churrasco, tentou persuadir a voltarmos à idéia inicial. Falou: -Não se faz caridade com picanha; a nossa colega vai usar picanha para fazer quisadinho para os pobres. Enfatizava a palavra picanha. Como não estava conseguindo seu objetivo. Viu num canto um saco de carvão da marca gato preto. Provando a sabedoria popular que bêbado só tem idéia de jirico, falou:
- Se não vamos fazer outro churrasco, vocês vão ver, vou chutar um gato preto.
Ninguém entendeu e nem “deu bola” para ele. Aí ele falou: - fiquem vendo.
Dirigiu-se ao saco de carvão e começou chutá-lo. O saco foi se esfacelando e parte do carvão saindo pelos buracos. Começamos a rir da situação. O bêbado nem percebia que estava se sujando e sujando tudo em volta, alucinado não parava com aqueles movimentos.
Os que estavam por fora do que estava acontecendo, começaram a olhar com cara de interrogação. A Trix tinha tomado só algumas caipirinhas e estava estranhamente sóbria para o final de um evento. Ela não parava de olhar, atônita, o bebum chutando um saco de carvão e se aproximou tentando compreender aquilo. Passou a fazer parte da cena. Os que estavam por dentro de toda história, vendo o cara “chutando o gato preto” e a gerente ao lado observando, agora davam mais risada ainda.

Por enquanto é só, logo virá: Os estrangeiros 2