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sexta-feira, 4 de março de 2011

Projeto POA - Os estrangeiros 1

Projeto POA - Os estrangeiros 1

No projeto de Porto Alegre, participaram vários consultores alemães devido a uma parceria existente entre a empresa cliente brasileira e uma empresa alemã.
A maioria dos consultores brasileiros ficava num mesmo Flat/hotel e os alemães tiveram apartamentos alugados para eles morarem.
Como todos sabem os alemães, em geral, são muito “certinhos”. Tão certinhos que eles me confidenciaram após estreitarmos a amizade que, antes de iniciar o projeto no Brasil, a empresa alemã para a qual trabalhavam fez uma espécie de apostila com os costumes e comportamento dos brasileiros para eles estudarem.
Esse grupo de germânicos que esteve aqui, em especial, não seguia muito esse padrão.
Por isso, dentre esses consultores alemães enumerei algumas figuras e histórias:

Nossa Gerentrix.
Tipo: européia esquisita.
Era a gerente do projeto.
Loira, olhos claros, meio alta, meio feinha.
Ficava brava prá caramba quando contrariada.
Tentava manter uma política de amizade e bom relacionamento com o cliente e consultores, mas às vezes não conseguia se conter e começava o berreiro.
Usava no trabalho quase sempre a mesma roupa, calça e camiseta surradas e uma blusa de couro vermelha. Só não usava essa roupa padrão quando vinha alguma visita importante ao local do projeto.
Obviamente gerava comentários. Principalmente das mulheres.
Apesar de todas essas esquisitices, em minha opinião, era uma boa profissional. Procurava sempre ser justa, dar boas condições de trabalho aos profissionais e manter o projeto como prioridade. Tentava com que a equipe assim também o fizesse.
Ela foi um dos poucos estrangeiros do projeto que não aprendeu português.
Adorava “pagar um mico”, dirigia seu carro como uma louca e ia para a Alemanha em média a cada 15 dias. Parecia ponte aérea. Parecia novela da globo, eheheh.
Numa festa gaúcha ela combinou com o pessoal organizador de participar de uma dança típica e que mantivessem a participação dela em segredo.
Deu certo, ninguém sabia que eles iriam participar.
Ouve uma certa surpresa quando ela entrou no salão “de prenda” e acompanhada do noivo, que passava férias no Brasil, “piuchado”. Eles estavam muito esquisitos.
Ela com o olhar vidrado, não olhava para os lados.
Lá no sul essas festas são levadas muito a sério e ninguém estava rindo, até que coincidentemente num momento que o som baixou um colega fez o comentário: Parecem dois retardados. O salão todo escutou e aí a coisa descambou, muitas risadas.

Visão do Brasil lá fora

Como já falei, a Gerentrix estava sempre preocupada em manter um bom ambiente entre os participantes do projeto. Promovia jantares, confraternizações, churrascos. Em média a cada dois meses havia algum evento para a equipe de trabalho.
Numa ocasião, um colega do projeto cedeu sua casa para fazermos uma confraternização. Ele era jovem e ainda morava com os pais numa casa grande e aconchegante.
A casa tinha uma área bastante legal para se comer, perto de uma piscina.
Como o evento foi à noite e estava razoavelmente frio, não se cogitou em usar a piscina. Estava muito animado. Ficou mais interessante ainda quando a maioria já estava meio “alta” e escutamos umas brincadeiras entre a Gerentrix e o Josef. Quando quase todos estavam com a atenção atraída para eles, ela tentou empurrá-lo na piscina.
Estavam perto da borda e vimos num movimento inesperado e espetacular do Josef, ele dar um quase perfeito golpe de judô, derrubando a nossa gerente na piscina. Só não foi perfeito porque ele também caiu. Teve um pequeno desespero da Gerentrix num primeiro momento, ela ficou preocupada em achar seus óculos que caíram na água. Gargalhada geral, alguns segundo depois, ela também ria. Mas o mais estranho veio a seguir:
Talvez porque os alemães já freqüentavam clubes por aqui e viam as pessoas andando prá lá e prá cá em trajes de banho. Acho que eles também viam imagens do Brasil, de cidades praianas, com as pessoas andando normalmente quase nuas nas praias. Achavam que isso era normal em qualquer situação. Ela ficou então só de soutien e calcinha o resto da festa, enquanto suas roupas secavam nos galhos de uma árvore. Mesmo com aquele frio. Pelo menos para nós brasileiros estava frio.
No dia seguinte os alemães que a acompanharam até o apartamento, nos contaram que, como a roupa não secou até na hora de ir embora, ela pediu uma toalha para a mãe do nosso anfitrião e se despediu. Ficou todo mundo imaginando o espanto do porteiro do seu prédio, quando ela chegou de madrugada, só com as roupas de baixo e com uma toalha nas costas.

Apagando a luz

Como falei, ela era meio “invocadinha”. A equipe do projeto ficava num salão enorme.
Para economizar energia elétrica, havia uma regra: O último a sair, dava uma olhada geral na sala, começava a desligar as lâmpadas e antes de desligar um transformador geral perguntava em voz alta: “tem alguém aí?”
Certo dia a Márcia, uma colega nossa, seguiu a risca esse procedimento. Só que ela não sabia, assim como a maioria de nós, que a sala da gerência que ficava fora do salão e também estava ligada ao transformador geral. Naquele dia em especial a Gerentrix ficou até mais tarde para terminar um relatório importantíssimo. Bem, acho que não preciso falar mais nada. Deu merda. A Márcia estava grávida, mas isso não foi um atenuante. Provavelmente até a criança ouviu os gritos da nossa gerente. A Márcia era muito gente boa e após o choque de ver a alemã xingando e berrando em desespero a sua frente, no dia seguinte nos contou o episódio já de bom humor.

Chutando o gato preto

Outro evento engraçado desse projeto foi um churrasco bolado pela Trix e patrocinado pelos consultores, que só souberam disso durante a festa. Isso gerou algumas revoltas... e algumas histórias.
Como nós é que pagamos os comes e bebes, e num determinado momento verificou se que iria sobrar bastante carne e carvão. Alguns já planejavam guardar o excedente para outro churrasco. Seria só dos consultores e no hotel onde ficávamos.
De repente alguém vem com outra idéia: Doar a carne a uma colega que costumava ajudar uma instituição que fazia refeições para pessoas carentes. Alguns concordaram.
Nesse momento um consultor, que não tinha gostado da idéia de pagar parte do churrasco, já bem mamado, descontente com a possibilidade de não termos o outro churrasco, tentou persuadir a voltarmos à idéia inicial. Falou: -Não se faz caridade com picanha; a nossa colega vai usar picanha para fazer quisadinho para os pobres. Enfatizava a palavra picanha. Como não estava conseguindo seu objetivo. Viu num canto um saco de carvão da marca gato preto. Provando a sabedoria popular que bêbado só tem idéia de jirico, falou:
- Se não vamos fazer outro churrasco, vocês vão ver, vou chutar um gato preto.
Ninguém entendeu e nem “deu bola” para ele. Aí ele falou: - fiquem vendo.
Dirigiu-se ao saco de carvão e começou chutá-lo. O saco foi se esfacelando e parte do carvão saindo pelos buracos. Começamos a rir da situação. O bêbado nem percebia que estava se sujando e sujando tudo em volta, alucinado não parava com aqueles movimentos.
Os que estavam por fora do que estava acontecendo, começaram a olhar com cara de interrogação. A Trix tinha tomado só algumas caipirinhas e estava estranhamente sóbria para o final de um evento. Ela não parava de olhar, atônita, o bebum chutando um saco de carvão e se aproximou tentando compreender aquilo. Passou a fazer parte da cena. Os que estavam por dentro de toda história, vendo o cara “chutando o gato preto” e a gerente ao lado observando, agora davam mais risada ainda.

Por enquanto é só, logo virá: Os estrangeiros 2

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