Convivência nos carros.
Nessa vida de consultor existem
muitas situações envolvendo carros e transportes.
Nos projetos que ficam longe de
casa temos as opções de ir de avião até a cidade do projeto e se locomover por
lá de taxi, ou de carro alugado, ou de ônibus do cliente, ou ainda de van
alugada para transportar os consultores.
Pra mim a melhor opção é a de
utilizar uma van com motorista. Ninguém precisa se preocupar em dirigir,
conhecer o caminho etc. Acaba-se conhecendo o lado pessoal dos colegas e aos
poucos vai ficando divertido.
De manhã normalmente todos estão
com sono às coisas costumam ser mais sossegadas, às vezes ninguém fala nada por
todo o percurso.Tem sempre os atrasadinhos pela manhã e o mais engraçado são as desculpas:
Esqueceu como se dá o nó na gravata, a água do chuveiro demorou a esquentar...
Os motoristas são um caso a
parte. Quando é sempre o mesmo, no início ele não se envolve muito nos papos.
Depois de um tempo vira amigo da moçada, e só então descobre que a gente não
gosta de escutar música sertaneja no último volume logo de manhã. Fica sabendo
o apelido de todo mundo e já conhece todos os funcionários da empresa só de ficar
ouvindo o pessoal falar (às vezes mal, hehehe) sobre as pessoas.
Teve a história de um colega que
não percebeu que certo dia o motorista “oficial” foi trocado. Quando chegamos à
empresa o motorista “oficial” estava na portaria conversando com os seguranças
e meu colega começou a gritar lá de trás para o motorista substituto lá na
frente: Cara você tem um irmão gêmeo? Nossa! Igualzinho!Foi zoado o resto do projeto por isso. Hehe.
À tarde, na volta para o hotel,
principalmente após o pessoal se conhecer melhor, tudo muda. Brincadeiras,
conversas sobre o trabalho, conversas informais e “zoações” fazem o tempo de
transporte passar mais rápido.
Nessas horas normalmente é
também combinado o que fazer ao retornar ao hotel: onde jantar, caminhadas,
compras etc. Nessas voltas também há muito comentário sobre o trabalho,
reclamações, desabafos.Outro ¨causo¨ legal ocorrido nas vans:
Fora do Brasil, na volta de um jantar numa van com uns cinco gringos e quatro brasileiros, todos já “altos”, um dos estrangeiros quis que ensinássemos a ele uns palavrões em português. Os mais “cabeludos” foram ditos e ele fazia questão de repeti-los bem alto várias vezes e perguntava o significado. Descobrimos que alguns são muito difíceis de traduzir e cada tentativa de tradução gerava muito mais gargalhada. Alguns brazucas literalmente choravam de rir. O mais divertido mesmo foi descobrir no final da viagem que o motorista era português e entendeu tudinho o que havíamos falado (Tô escrevendo esse texto e rindo de novo). No final acho que o motorista também deve ter se divertido!
Quando a opção é usar um carro alugado
para o nosso transporte, ocorre o mesmo que na van, mas em menor escala e maior intensidade.
Diminui o tempo que se leva para
conhecer as pessoas. Nos dias em que se fica parado no trânsito diminui mais
ainda, quando parado no trânsito sob chuva então... nem se fala.É engraçado! Descobrem-se algumas coisas facilmente como: o gosto musical da cada um e o jeito de cada um dirigir. Descobre-se também algumas coisas surpreendentes, como o lado oculto de alguns colegas que apenas no cotidiano do trabalho jamais se saberia.
Uns adoram mexer com as pessoas na rua. Outros, normalmente calminhos, viram um “animal” quando estão ao volante.
Como de perto ninguém é normal,
já descobri nessas situações uns colegas bem, digamos, estranhos! Um deles que
não come nada feito ou aquecido em microondas.
Outro que só dirigia a menos de Outros também dirigem lentamente, mas por dirigir mal mesmo. E é lógico sempre tem um “Fittipaldi” na turma.
A gente escuta também cada história! Teorias da conspiração. Numa delas o cara afirma que a ONU tem um plano de em poucos anos governar o mundo todo e que isso já está em curso nos Estados Unidos, que já estão sendo governados pela organização.
Quando têm mulheres no carro as
fofocas sobre artistas e comentários das novelas também aparecem nos papos.
Tendo mulheres ou não, falar mal de alguém é sempre o esporte favorito.
No carro as coisas sempre ganham
uma dimensão maior. O que é chato fica mais chato e o que é divertido fica mais
divertido. Às vezes ficamos muito putos, às vezes choramos de rir.
Como nem tudo são flores, pegar
trânsito congestionado nunca é legal e se é rotineiro pior ainda.Como a infra-estrutura no Brasil normalmente é ruim, já vi acontecer de tudo:
Perder a placa do carro em poças d’água, perder calota pela rua e descobrir na locadora que isso é normal, levar pedradas no vidro do carro vindas do chão impulsionadas pelos pneus dos outros carros.
Entre os colegas existem
relacionamentos estranhos também, como o dos que brigam por motivos fúteis e
não viajam mais no mesmo carro.
Faz parte, o ser humano é muito
complexo e uma das partes boas disso é que gera essas histórias que nos divertem.Abraços.
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